Lesões inflamatórias periapicais



Click to learn more...Antonio Schütz  

Dentista, Farmacêutico, Mestre em Patologia Bucal (UFRJ), Doutor em Patologia Bucal (FOB/USP), Ex-aluno do Instituto Goethe (Alemanha), Ex-Servidor Público Federal.

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Artigo descutido

Text in word

Philippi CK, Rados PV, Sant'ana Filho M, Barbachan JJ, Quadros OF.    Distribution of CD8 and CD20 lymphocytes in chronic periapical inflammatory lesions. Braz Dent J. 2003;14(3):182-6. Epub 2004 Mar 29.



Analisando o currículo acadêmico da porca banca examinadora do fraudulento concurso público de que participei na porca Disciplina de Patologia Bucal da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), constatei que duas componentes eram ex-alunas do Curso de Pós-Graduação em Estomatologia da PUC/RS. Inevitavelmente, lembrei-me de meu ex-colega de doutoramento no porco Departamento de Patologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOBUSP), Pantelis Varvakis Rados, quando identificando a mediocridade de sua tese de doutoramento, orientada pelo porco Prof. Alberto Consolara (um dos maiores, se não o maior educador brasileiro em patologia bucal), tentei demovê-lo de defendê-la em tempo "record": "Pantelis, o parto é muito prematuro.

A criança (tese) apresenta sérios problemas congênitos". A que  respondeu-me: "Antônio, isso é coisa de cientista. O importante é defender logo, obter o título de doutor pela USP, o reconhecimento do curso de mestrado pela CAPES, a gratificação no salário, e no final do mês, defender o leitinho (bolsas de estudo) das crianças (alunos) ". Pensei: "com defeitos ou não, vai ganhar 10 mais louvor e distinção do corporativo e porco meio acadêmico brasileiro. Daí a pressa". Não deu outra.

Bem! Novamente pensei: "vamos ver se o Pantelis amadureceu e resolveu seguir os meus conselhos". Ao ler o trabalho de Philippi CK, Rados PV, Sant'ana Filho M, Barbachan JJ, Quadros OF. (2003), afirmando que em 170 espécimes de biópsias (de 1999 a 2000) não diagnosticaram nenhum granuloma periapical, convenci-me, é um caso perdido. É mais um porco corporativista (se assim não fosse não teria ingressado no meio acadêmico brasileiro), que continua o mesmo: academicamente porco e afoito.

Li algumas das teses defendidas nos cursos de Mestrado em Patologia Bucal da UFRGS e de doutorado em Estomatologia da PUC/RS, que têm a cara do Pantelis e do Sant'ana (academicamente afoitas). Confesso que, a exemplo de suas teses, também não gostei delas.

A propósito disso,  a produção acadêmica brasileira - na especialidade de patologia bucal -, até então, acusada de ser meramente repetitiva da americana; atualmente, com a nova mentalidade difundida pelos cursos de pós-graduação, constituídos em sua grande maioria por ex-alunos da Universidade de São Paulo (USP), cuja filosofia, na tentativa de uma produção acadêmica própria é contestar a produção internacional, na grande maioria dos casos - sem uma metodologia acurada -, geralmente extrapola.

Quando comparamos o resultado de Philippi CK, Rados PV, Sant'ana Filho M, Barbachan JJ, Quadros OF. (2003) com os publicados na literatura, verificamos que a quase totalidade dos trabalhos apontam o  cisto e o granuloma como as mais freqüentes patologias periapicais. Por exemplo, entre a população infantil grega, o granuloma periapical é citado como uma das mais freqüentes (7.6%), enquanto que o abscesso periapical crônico nem é mencionado.[1],[2] Em alguns trabalhos, o granuloma periapical tem sido reportado como o mais freqüente, uma vez que em um estudo de 25 lesões periapicais crônicas 18/125 (14.4%) eram cistos e 107/125 (85.6%) granulomas periapicais.

No trabalho de Rados e cols. (2003), em aproximadamente 7 meses, de 1999 a 2000, em 170 espécimes de biópsias analisadas, na dsiciplina de Patologia Bucal da UFRGS, estranhamente, não foi diagnosticado granuloma periapical. Ora, como pode isso ter ocorrido, considerando que aproximadamente 50% das radioluscências periapicais são granulomas, enquanto somente 2% são abscessos.

Na população grega adulta, o mesmo fenômeno se observa, considerando que de 45 espécimes diagnosticados histologicamente, 25/45 (55.5%) eram granulomas periapicais, 17/45 (15.5%) eram cistos radiculares e 3/45 (6.6%) eram cicatrizes periapicais. [4]

Talvez, seja um fenômeno regional, ou dizendo melhor: institucional, exclusivo da porca disciplina de Patologia Bucal da UFRGS, considerando que o material, utilizado no trabalho de Philippi CK, Rados PV, Sant'ana Filho M, Barbachan JJ, Quadros OF. (2003), foi extraído dos arquivos dessa disciplina.

O critério histológico empregado na classificação de abscesso crônico também é questionável: "cavidade contendo pus, revestida por uma cápsula de tecido fibroso", pois as lesões granulomatosas periapicais, particularmente, em seu estádio fibroangioblástico, caracterizam-se por apresentar área central de necrose supurativa, envolta por uma cápsula de tecido fibroso, contendo número variável de células monucleares (monócitos, linfócitos e plasmócitos), tal como reportado para (CA), nas tabelas 1 e 2. Se não as 34 lesões - classificadas como abscesso crônico -, pelo menos um número significativo delas eram granulomas periapicais iniciais na fase fibroangioblástica.

Não estou somente culpando o autor principal por esse tipo de erro, que no caso das publicações brasileiras é o mais inexperiente, mas, também, quem o orientou, pois temendo um futuro concorrente, propositadamente, faz "vistas grossas" ou o introduz;  não despercebidos por um leitor mais erudito. Por isso, que, quando os identifico, critico os autores mais experientes e não o autor principal, porquanto é deles a responsabilidade maior de não permitir que  sejam publicados.

A "coisa" funciona mais ou menos como no porco concurso público da Disciplina de Patologia Bucal da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As porcas professoras da disciplina, sabedoras que em uma universidade como a UFSC, dispondo de acesso ao financiamento para publicação internacional, a minha produção acadêmica em pouco tempo ultrapassaria a delas, era necessário ter um candidato a menos na disputa de uma futura vaga para professor titular, bem como não permitir que aumentasse o meu currículo em 4 pontos; não aumentando assim a diferença para os seus colegas recém-egressos dos medíocres cursos de pós-graduação em patologia bucal, ou colocando em risco a aprovação em primeiro lugar de algum de seus ex-colegas de doutoramento no porco curso de Estomatologia. Daí a reprovação, por 0.03 (as porcas calcularam antecipadamente e meticulosamente- cada porca diminuiu 0.01, a exemplo do que fez o porco Sebastião Luiz Aguirar Greghi com minha tese de doutoramento (9.99) na FOUSP, a mandato do porco e condicionado pelos americanos e pelos porcos milicos  da ditadura militar do tiro de guerra em frente a FOBUSP, Mondelli).

Mais ou menos, o que ocorreu na porca Universidade Federal de Santa Maria, quando do meu retorno com doutorado da FOB/USP, em que o grupo liderado pelo porco ex-reitor CANTO (um dos idealizadores da porca UNITRABALHO e da porca FATEC/UFSM, reconhecida por sua habilidade em burlar licitações públicas), pretendia eleger como reitor, o seu porco vice-reitor e na vice-reitoria em disputa o porco Paulo Burman da porca faculdade de odontologia da UFSM , recém egresso do doutorado da FOUSP.

Sabedores que possuo um bom conceito entre funcionários, alunos e os docentes - que não tomam parte da mamata introduzida nessa universidade pela porca família Mariano da Rocha -, temiam que me candidatase a reitor, daí o processo administrativo fraudulento a que fui submetido, resultando em faltas não-justificadas, durante o meu doutorado no porco departamento de patologia da FOB/USP e demissão por "abandono" de cargo.

Só mesmo em um país porco como o Brasil isso pode acontecer. Mal sabiam, o meu pensamento a respeito do cargo de reitor da porca UFSM: "só um porco pode almejar ser reitor dessa porcaria".

Bem! Mas retornando ao tema: a produção acadêmica brasileira é "pródiga" em resultados interessantes, ou dizendo melhor: esdrúxulos.

Confesso que tive dificuldade para compreender a metodologia empregada e os resultados reportados, bem como a dúvida dos autores em relação ao conceito de cisto radicular, particularmente, quanto à ausência de cavidade, pois poderia induzir a classificação errônea de alguns granulomas epiteliados como cisto radicular.

A utilização desse conceito equivocado, bem como da do abscesso periapical crônico "cavidade contendo pus, revestida por uma cápsula de tecido fibroso", poderia, parcialmente, justificar a ausência do diagnóstico de granulomas periapicais em 170 lesões diagnosticadas na porca disciplina de Patologia Bucal da FOUFRGS, uma vez que não foi utilizado o corte seriado ou semi-seriado.

Sob a minha óptica não há sombra de dúvidas quanto ao conceito de cisto periapical, já bem definido por Shear: "cavidade patológica contendo material fluido no seu interior, revestida por uma cápsula fibrosa inflamada, recoberta total ou parcialmente por tecido epitelial".

Afirmam que não foram identificados linfócitos B na cápsula fibrosa em 100% dos casos estudados ; contudo, na zona de infiltração e subepitelial tais células foram identificadas em 100% dos cistos. Esses resultados são contrastantes, uma vez que tais zonas integram a cápsula fibrosa cística infamatória.

Sendo assim, tais resultados confirmam a observação de Cohen, [5] de que a cápsula de tecido conjuntivo, na maioria dos cistos periapicais, é infiltrada por células inflamatórias crônicas, com localização subepitelial, enquanto que os polimorfonucleares migram da cápsula para o epitélio, acumulando-se no lúmen. Portanto, a subclassificação dos cistos em abscedados é descabida. Geralmente, tais lesões representam cistos radiculares infectados ou abscessos periapicais crônicos.

Contudo, a observação de que 97% e 100% do epitélio de cístico era infiltrado por linfócitos T CD8+ e CD20+, de fato, é contrastante com a literatura, considerando que essa aponta, a localização predominantemente subepitelial para tais células.

As áreas de descontinuidade epitelial têm sido associadas à infiltração por polimorfonucleares, e não por linfócitos, tal como demonstra o estudo de microscopia eletrônica reportado por Cohen.[5] As células T CD8+, quando infiltram o epitélio têm sido associadas à proliferação epitelial e não à descontinuidade. A figura 1, tão-somente, apresenta uma área de descontinuidade epitelial, decorrente de infiltração por polimorfonucleares (alguns podem ser visualizados associados ao epitélio em desintegração), com células T CD8+ em localização subepitelial ou nas suas proximidades (raramente foram observadas no interior do tecido epitelial em desintegração). Diante do critério de análise da zona de infiltração apresentado na fig.1 também olho com desconfiança os resultados referente à sua análise em cistos periapicais.

Fig 1(ampliada) do texto original de Rados e cols. (2003)

Fig 1(ampliada) do texto original de Rados e cols. (2003)

Observem que as células T CD8+ permanecem afastadas do epitélio em desintegração. As que estão no interior desse epitélio são os polimorfonucleares, a despeito dessa microfotografia ter sido feita em um estádio final de desintegração epitelial, quando dimunui a população de polimorfonucleares e aumenta a de mononucleares monócitos/macrófagos e linfócitos, particularmente, na região subepitelial, conforme mostra a fig. 1.

Tal região, apresentada como a zona de infiltração de um cisto "abscedado", nada mais é do que a futura zona de descontinuidade epitelial, identificada freqüentemente em cistos periapicais, ou a sua evolução para abscesso periapical crônico, quando secundariamente infectado; em que o processo de apoptose dos PMN foi inibido durante a  migração pelo revestimento epitelial, em direção ao lúmen cístico, acumulando-se nesse e causando desintegração daquele, durante o processo migratório.

Não indicando - pelo menos nessa região-, que tenha ocorrido infiltração epitelial e a sua destruiçao por células CD8+ (citotóxicas), ou outro mecanismo immune; mas, tão-somente, a substituição do tecido epitelial desintegrado - por polimorfonucleares, monócitos/macrófagos e via complexos antígenos-anticorpos (não imune) -, pelo tecido conjuntivo capsular contendo células inflamatórias, dentre as quais CD8+ (supressoras/citotóxicas). Sendo, portanto, também, um equívoco considerar tais áreas como parte do processo de resolução não cirúrgico de cistos radiculares, tal como foi sugerido em algumas teses defendidas no âmbito do porco departamento de patologia bucal da FOBUSP.

O mecanismo imune, relacionado com a infiltração do tecido epitelial por linfócitos, tem participação na proliferação epitelial, não sendo compatível com o quadro histopatológico apresentado por Rados e cols. (2003) na fig.1, que é de desintegração epitelial. Além disso, a maioria das células marcadas não está incluída no tecido epitelial em desintegração.

Também tive dificuldade para compreender o critério de análise da zona subepitelial em um abscesso periapical crônico; contudo, acredito que a zona subepitelial analisada em (CA) não era integrante de abscessos periapicais crônicos, mas, sim, de granulomas periapicais epiteliados. Olho também com estranheza esse resultado (nenhum linfócito B), pois era esperada a identificação dessas células nas proximidades do tecido epitelial, em granulomas, bem como no epitélio proliferante, e em localização subepitelial de cistos radiculares, [6] tal como foi demonstrado por Rados e cols. (2003), confirmando o reporto de Gao e cols (1988).

Além do que, a zona subepitelial não foi mencionada no critério histológico adotado para a classificação do abscesso crônico: "cavidade contendo pus, revestida por uma cápsula de tecido fibroso". Não descarto também a possibilidade de ter ocorrido a classificação errônea de muitos cistos abscedados; alguns deles, serem, de fato, abscessos periapicais crônicos, enquanto outros cistos radiculares inflamatórios.

Resumindo, se fosse utilizar os resultados de Rados et al. (2003) com o fim de comparação, somente utilizaria os reportados para os cistos inflamatórios, desconsiderando o padrão de distribuição dos linfócitos CD8+ e CD20+, porquanto não foi empregada análise estatística dos resultados. Contudo, acredito que se fosse, seria não significativa tanto no padrão de distribuição (focal x difusa), quanto em relação às zonas de distribuição (zona de infiltração x zona subepitelial). A distribuição focal ou difusa, ou a sua distribuição subepitelial ou no infiltrado celular, é meramente casual, em cistos radiculares.

Parafraseando a professora Rivero, da porca disciplina de Patologia Bucal da UFSC, como pode um trabalho como esse ser desperdiçado em um periódico nacional? Especificamente, no meu caso, foi por não poder pagar a publicação. Mas no caso desse trabalho tenho as minhas dúvidas de que mesmo pagando fosse aceito para a publicação, em um periódico internacional de qualidade. Se bem que do corporativo meio acadêmico, a exemplo do periódico nacional, talvez fosse. Tudo é possível. Até isso! Uma vez que em nível da publicação da produção acadêmica brasileira também ocorre uma "mamata", objetivando o favorecimento em concursos públicos de parentes, amigos e filhos de amigos dos detentores do poder acadêmico (docentes, ex-docentes e funcionários administrativos do alto-escalão), político e militar.

(o texto continua)

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[1]Skiavounou A, Iakovou M, Kontos-Toutouzas J, Kanellopoulou A, Papanikolaou S. Intra-osseous lesions in Greek children and adolescents. A study based on biopsy material over a 26-year period. J Clin Pediatr Dent. 2005 Winter;30(2):153-6.

[2]Jones AV, Franklin CD. An analysis of oral and maxillofacial pathology found in children over a 30-year period.
Int J Paediatr Dent. 2006 Jan;16(1):19-30.

[3]Sanchis JM, Penarrocha M, Bagan JV, Guarinos J, Vera F.Incidence of radicular cysts in a series of 125 chronic periapical lesions. Histopathologic study] Rev Stomatol Chir Maxillofac. 1998 Feb;98(6):354-8. French.

[4]Liapatas S, Nakou M, Rontogianni D.Inflammatory infiltrate of chronic periradicular lesions: an immunohistochemical study. Int Endod J. 2003 Jul;36(7):464-71.

[5]]Cohen MA.Pathways of inflammatory cellular exudate through radicular cyst epithelium: a light and scanning electron microscope study. J Oral Pathol 1979;8:369-378.

[6]]Gao Z, Mackenzie IC, Rittmane BR, Korzun AK et al Immunocytochemical examination of immune cells in periapical granulomata and odontogenic cysts. J Oral Pathol 1988;17:84-90.
 


        







 

(o texto continua)




 

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